Retirada de http://www.jornaltriangulo.com/ a 4/7/2006
Banda desenhada em revista para amantes e curiosos
Desde Maio que está nas bancas, um pouco por todo o país, a HL Comix, uma revista que pretende trazer de volta ao panorama português a Banda Desenhada, muito ao estilo da brasileira Chiclete com Banana, publicação que serviu de inspiração.
Dário Duarte, mais conhecido no mundo da banda desenhada como Derradé, morador em Alverca, lançou-se no desafio de colmatar uma necessidade que há muito sentia, a da não existência de algo onde se pudesse publicar regularmente.
Depois de colaborar com órgãos de informação regionais e realizar vários trabalhos, sempre “com a ideia de colaborar com revistas do género de uma que gostei muito, a brasileira Chiclete com Banana”, Dário Duarte chegou à conclusão de que “se quisesse colaborar com esse tipo de publicação tinha de a criar”.
Assim o pensou e assim o fez. O primeiro número saiu em Maio e o segundo está previsto já para finais de Julho. Um desafio que ocupa o licenciado em Matemáticas Aplicadas e ex-analista programador, residente em Alverca, a tempo inteiro e que quer ter pernas para andar: “As respostas, em relação a este primeiro número têm sido boas, em termos de conteúdo, de qualidade global, as pessoas estão agradavelmente surpreendidas”.
Boas perspectivas para o número dois da HL Comix e para um futuro que se quer profissional. É que, se nesta edição pode-se contar com banda desenhada de Derradé, Tó Calado e Óscar do Olímpia, a intenção é “abrir espaço para os portugueses, mas não dentro do sistema vigente que é vais ter uma tirinha, mas não te podemos pagar. Quero que o projecto solidifique para ter colaboradores mas a pagar, de forma a dignificar e profissionalizar o trabalho, deixando de lado a ideia de que isto é um passatempo”.
Dedicada, tal como o nome Comix indica, a um estilo de banda desenhada mais alternativo, mais underground, pode-se encontrar na revista personagens já conhecidas de Derradé, como o Bubas, o estudante universitário de Santarém, mas também trabalhos sobre Joe Strummer ou sobre a tão recente polémica dos cartoons do profeta. Num conjunto de trabalhos que têm muita crítica e argumentos para divertir, mas também fazer funcionar a massa cinzenta.
Com cinco mil exemplares à venda, a HL Comix quer impor-se no mundo da Banda Desenhada, dando um novo impulso a uma arte que já esteve estampada em todas as páginas de jornais e que agora pretende voltar a assumir o seu lugar de importância, até porque, acrescenta Dário Duarte, “há material, mão de obra e massa cinzenta portuguesa capaz” e é preciso “dar-se oportunidade, porque as coisas precisam de tempo, de maturidade, de ganhar embalagem e crítica”.
Carla Filipa Silva